"Que a força do medo que tenho
Que a morte de tudo em que acredito
(Metade - Oswaldo Montenegro)
Decidir é complicado. Nunca fui a melhor nem a pior aluna da turma, mas sempre soube que queria ser médica, mesmo tendo feito meu primeiro vestibular para enfermagem. Passei e cursei dois anos, até o dia que me perguntei o que eu tinha feito do meu sonho. Eu estava feliz, porém incompleta. Queria mais, chorei por mais e decidi lutar por muito mais.
Não esperava que fosse fácil, mas não tinha noção das minhas limitações. Poucos acertos e incontáveis erros me levaram a quatro anos de tentativas frustradas. Culpar a ansiedade, o estado emocional ou qualquer adversidade que tenha acontecido durante esse período pode até ser cômodo, um bom argumento, todavia nem de longe justifica minhas falhas. E falhas são erros, defeitos que carecem de correção, não de explicação.
Minha caminhada é repleta de tombos e diante do último quase sucumbi. Estudar tinha perdido a graça, passou a ser obrigação e não um prazer. A alegria de dizer que queria medicina deu lugar ao sorriso amarelo de quem já não sabia mais.
Não foi fácil olhar para as pessoas que me amam e dizer que não consegui. A nostalgia deixada pela sensação de impotência não me permitia respirar e tudo o que consegui foi chover de tristeza. Quis fugir para não ter de encarar o fracasso, mas fiquei e, tentando apalpar o que anseio, recomecei.
Hoje, tenho voltado a sorrir e a me divertir coma pilha de livros e de papéis ao meu redor sem deixar de sorrir para o resto do mundo, pois aprendi que a felicidade não está em um só momento, ela acontece um pouquinho todos os dias.
Onde está a linha tênue entre o sonho e a ilusão? Eu não sei, mas sei que se ainda não deu certo é porque tudo o que fiz não foi tudo o que posso. Cada batalha me fortalece para a próxima e desistir seria aceitar que não sou capaz, e eu sei que posso ir além.