sábado, 29 de dezembro de 2012 1 comentários

Guardado




Entre esperas inúteis,
passada a agonia,
o que semeio?
Poesia.

Trocada, sempre trocada,
sem, ao menos, saber pelo quê.

E meu corpo paga pela tua ausência,
por não ter podido te amar,
por não ter pelo que te perdoar.

Os sonhos, coitados, tão maltratados,
cheirando a guardado,
não querem esperar.

Arranca-me os olhos, mas faz-me partir.
Mais triste que ser só é não ser.
E sendo ninguém, como – ainda – posso sofrer? 
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012 0 comentários

Profecia


Entre tantos finalmentes, 
o que recomeça não se sabe, enfim. 

Findam-se os dias, as noites, os caminhos...
E a estrada sempre tem um fim para quem não continua. 

Findam-se os ritos, as farsas, os medos...
E os ciclos são vícios para quem não suporta dar-lhes fim. 

Findam-se os sonhos, as esperas, os amores...
E os filhos são registros de finalmentes dos romances.

Findam-se os versos, as rimas, as estrofes...
E para a poesia, finda a vida, resta ser sem fim.
 
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