Ao meu Pai
Você nunca foi meu herói, mas era quem cantava cantigas para mim.
E se há algo que dá gosto à lembrança,
se há algo que traz de volta a infância,
soa assim: “Olê mulher rendeira, Olê mulher rendar
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar [...]”.
Não passamos mais tanto tempo juntos,
Nem falamos dos mesmos assuntos.
Sinto muito por todas as vezes que não compreendi os teus limites.
Minha mente se distrai entre tuas confusões
E em meio a olhares distantes e gestos automáticos
Sobra o vazio nas nossas ligações.
Eu só queria que você entendesse
O que eu nunca fiz questão de revelar
E que pudesse ler o que me escorre agora
Queria poder explicar algo e ver você compreender.
Não, não queria outra vida,
nem outro pai.
Eu só queria entender as suas explicações.