sexta-feira, 2 de outubro de 2009 15 comentários

Afirmações retóricas


Não é por sentir pena, nem penar por sentir muito.
Não é que importe, nem que seja indiferente.
Não é que fazer do jeito errado seja tão errado que não possa estar certo, nem que fazer do jeito certo seja tão correto que não possa induzir ao erro.
Não é que não odeie, nem que odeie não odiar.
Não é que ouse ficar, nem que queira partir.
Não é que esqueça ou lembre, nem que faça questão de lembrar de não esquecer.
Não é a repressão de um desejo, nem o desejo da repressão.
Não é que mulheres façam amor e homens façam sexo, nem que alguns nada façam.
Não é lamentar o que nunca foi feito, nem fazer o que se pode lamentar.
Não é que a Bossa não seja Nova, que a música seja velha, nem que o samba seja diferente (o samba é o mesmo).
Não é que o sofá não seja mais atrativo, nem que queira usá-lo como antes.
Não é que não sinta a ausência da lua, nem que consiga encará-la como sempre (de alma aberta).
Não é que Cecília não seja mais a melhor companheira nas noites de insônia, nem que a poesia tenha me deixado entendível.
Não é uma questão de entendimento profundo, nem de desilusão corriqueira.
Não é que o antes seja bom, o depois pior, nem que se possa comparar.
Não é que as premissas sejam verdades ou mentiras, nem que a mentira seja a única verdade.
Não é que eu tivesse uma pergunta, nem que ela fosse retórica.
Não é, não é!
É do teu colo que sinto falta, e mais que o teu colo, é a própria falta de ti - SAUDADE - que quero esquecer.
 
;