sexta-feira, 7 de outubro de 2011 6 comentários

Às vezes


Às vezes falo alto esperando que alguém me leia;
Outras vezes escrevo baixo para que alguém me ouça.

Às vezes ninguém me ouve;
Outras vezes ninguém me lê.
Mas alguém sempre finge se importar
enquanto eu finjo compreender.

terça-feira, 13 de setembro de 2011 5 comentários

Contra-senso



Me ergo na cena,
chuto o balde,
mas ainda assim me consumo.

Sinto pena,
sinto vontade,
não me acostumo.

Adormeço
questionando o contra-senso
e todo o arrependimento.

Mas não esqueço
o que não penso,
o que me traz alento.

Não sei se é amor
Na verdade, sei o que não é.
O que seria então?

Não consigo me desprender dos sentimentos, nem me abandonar.
Por isso sobro, sou desperdício
e me alimento dessa imensa dificuldade de me libertar.

Mas quanto disso é real ou fictício?
Não adianta,
fugir é inútil.


sexta-feira, 9 de setembro de 2011 6 comentários

Velhice


Deixa dessa meninice
que o amor é mesmo uma tolice
com traços de esquisitice
e não há maluquice
que cure essa burrice.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011 4 comentários

"Independência ou morte"?

Ontem houve um pronunciamento presidencial antes do Jornal Nacional e por alguns instantes eu deixei de lado o computador para ouvir falar do significado dessa data, da crise mundial e de como o Brasil é o melhor país do mundo, sem modéstia!
E eu resolvi quebrar um pouco o lirismo que tem o blog e um pouco da minha rotina porque me senti na obrigação de me indignar. É que eu ouvia que o povo brasileiro tem motivos de sobra para ter esperança em um futuro melhor e eu não conseguia imaginar o porquê disso, se nem com provas reais a Deputada Jaqueline Roriz foi condenada; se o salário dos Juízes do STF – que já é alto - aumenta 86% enquanto o salário dos professores – que já é baixo – apenas 4%.
Esperança de quê? De que os parlamentares que absolveram uma colega corrupta não sejam corruptos? De que o voto secreto não é um subterfúgio?
Mas não vou culpar os políticos, o sistema e muito menos a sorte, ou a falta dela. A culpa maior é do povo! Isso mesmo, a culpa é NOSSA por nos acomodarmos no “estou bem, obrigado”, no “não é da minha conta ou no “podia ser pior”.
Milhões de pessoas se reúnem todos os anos na parada do orgulho gay, na marcha Cristã e agora na mais recente marcha, a da maconha, mas no país de mais de 190 milhões de habitantes, apenas 10 mil resolveram sair às ruas contra a corrupção.
O que é mesmo que se comemora hoje? Alguém me responda, por favor, independência de quê? Se nós continuamos reféns dos impostos, dos altos juros, da criminalidade, do analfabetismo, da miséria e principalmente dos nossos "ilustríssimos" governantes corruptos.
Somos reféns do comodismo de quem vende voto e de quem só se preocupa com o seu umbigo e a sua própria conta bancária!

7 de Setembro! "Feliz" dia da Hipocrisia Nacional!
segunda-feira, 5 de setembro de 2011 6 comentários

Último diário de bordo

Aos melhores companheiros do mundo

Sempre esperamos pelo momento em que algo vai acontecer e, de forma arrebatadora, vai nos projetar para o inesperado e subverter os nossos sentidos. É impossível prever quando vai acontecer. Ninguém sabe do inesperado, mas todo mundo sabe acontecer.

Quem iria imaginar que conheceríamos um exímio executor da dança maori; que galinhas cantam música sertaneja; que o bebê chorão só vai acalmar quando colocar a língua no cotovelo; que era tão importante conseguir falar o quatro na conta do 21 e que se grita desesperadamente quando se está em Marte?

Quando tudo foi uma questão de comprar o risco, nós vimos quem saiu do mundo de princesinha direto para o do lobo mal; quem dançava o mais vibrante possível pentelhando as coitadas das “estátuas”; quem sabia mais nomes que o funcionário do cartório de registro civil e até quem era especialista em xingamentos.

Às vezes atropelamos os jogos, às vezes nem queríamos jogar, mas foi soltando uma carta de cada vez que descobrimos que o street dance é bem mais brasileirinho do que se pensa; que a macaca dá uma coçadinha durante a dança do acasalamento; que tem gente que adorou ter uma bebida como sobrenome e que a volta pra casa sempre pode ser mais divertida.

Era impossível não ver que o único homem no planeta que tem TPM fala pra dentro; que tem gente que acredita que tem muitas caras; que -entre as monitoras- os gritinhos da "lôra" são únicos; a bronca da morena é dura e a pequena faz de tudo pra ver todo mundo bem.

No fim, quem se sentia insensível se desmanchou em lágrimas, quem chorava por tudo engasgou e não conseguiu falar e eu me senti ainda mais singular ao ver a “autista” que não gosta de fotos, nem de aniversários, me entregar seu riso e suas lágrimas.


Como não perceber tanta mudança? Como não mudar junto? Transbordávamos de tanta ansiedade pela intervenção e pelo primeiro contato com o olhar alheio, que nem nos demos conta que a verdadeira intervenção já havia acontecido. Não éramos os mesmos de antes, não depois de cada toque, de cada olhar.

Aos poucos, o nervosismo foi tomando corpo em mim e ninguém pode imaginar como eu quis morrer quando percebi que havia chegado a grande hora e estava sem o meu nariz. Logo o nariz? Voltei à estaca zero, ao antigo pavor do picadeiro. E uma tempestade de insegurança se apossou de mim por alguns instantes até eu encontrar o olhar penetrante do meu gordo preferido bem alí - extremamente disponível - até eu ouvi-lo dizer “eu nunca emprestei a ninguém” enquanto me entregava um pedacinho do seu coração.

Conduzidos pela Gentileza, aprendemos que “máscara não se coloca, se veste” e a vida fez questão de vestir as nossas. Admirando ainda mais a responsabilidade do nariz que usava, lancei meu olhar mais disposto e recebi os melhores sorrisos. Compartilhei de toda palavra e de cada silêncio. E alguém - se quiser- tente descrever o que eu senti naquela manhã porque eu – sinceramente - não consegui.

E o que eu poderia dizer ao meu companheiro da calça "troncha"? Ele que me viu desabar na ladeira e não tentou me levantar, nem me consolar. Não sei como agradecer. Foi indefinível ver ele se atirar ao chão e não me deixar morrer de vergonha sozinha... ele nem sabe, mas - ali ao meu lado - transformou o pior momento no mais peculiar, e eu fui uma perdedora feliz.

Depois que tudo acabou, ainda embebida de tanta energia, de tanto sentimento, foi impossível não lembrar das nossas evoluções e de como foi saboroso caminho. As inúmeras imagens que passavam pela minha cabeça poderiam até ter um tom de nostalgia, mas elas tinham o gosto dos lugares especiais da memória.

No meu corpo escoriado e marcado por todos aqueles pequenos gestos, ficou a imensa felicidade de ter me entregado a liberdade de errar e de ser ridícula, a liberdade de ser eu.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011 4 comentários

...



E quando essa vontade súbita de chorar passar,
quero poder acreditar
que de tanto molhar, secou
mas enfim estancou.
terça-feira, 30 de agosto de 2011 6 comentários

Sobre as coisas que amamos e perdemos

Ai que saudade de acordar com você,
de ver você se manifestar e me fazer reagir.

Saudade de esperar as mensagens,
de planejar absurdos e me fazer morrer de rir.

Saudade do efeito que causamos juntos,
de sussurrar nossos segredos e me deixar fluir.

Ai que saudade do meu celular!
domingo, 14 de agosto de 2011 4 comentários

Limitações



Ao meu Pai

Você nunca foi meu herói, mas era quem cantava cantigas para mim.
E se há algo que dá gosto à lembrança,
se há algo que traz de volta a infância,
soa assim: “Olê mulher rendeira, Olê mulher rendar
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar [...]”.

Não passamos mais tanto tempo juntos,
Nem falamos dos mesmos assuntos.
Sinto muito por todas as vezes que não compreendi os teus limites.

Minha mente se distrai entre tuas confusões
E em meio a olhares distantes e gestos automáticos
Sobra o vazio nas nossas ligações.

Eu só queria que você entendesse
O que eu nunca fiz questão de revelar
E que pudesse ler o que me escorre agora

Queria poder explicar algo e ver você compreender.
Não, não queria outra vida,
nem outro pai.
Eu só queria entender as suas explicações.
domingo, 17 de julho de 2011 12 comentários

Poema de aniversário

(23:59)... Amanhã o que muda?
O que o faz diferente?

Não adianta querer o posposto,
nem há graça em contar as desgraças.
Há mais gosto no silêncio disposto
e no sonhar com as próprias asas.

Nenhum ano é igual ao outro,
nenhum outro é tão diferente assim.
O dia forja o velho encontro
entre o que julguei e o que fiz de mim.

Zera o relógio, mas não o tempo
quanto dura o agora?

(00:00)... Hoje o que mudou?
O que o fez diferente?

Na frágil eternidade dos momentos felizes,
acha-se o fio, faz-se a história
Não importa o que trazem as cicatrizes,
tudo agora está claro diante da memória.

Foi-se o ontem de ser dois
veio o hoje ser só meu
não sei o que vem depois
tudo é o que se perdeu.
sexta-feira, 8 de julho de 2011 5 comentários

Desabafo

Ah, como eu queria fluir
sumir para o nada
e deixar o tempo matar o próprio tempo
e o desgosto de ser efêmero.

No exato momento em que me vi
minha mente ignorava todos os estímulos
e transbordava nesse denso drama de ressentimentos.

Te encontrar me deixa perdida
e te perder... ah, te perder não muda nada!

Como posso conviver com a tristeza de ter que te esconder dos olhos meus?
Quanto tempo vou continuar na ânsia de esperar pelos passos teus?

É impossível imaginar que teus braços ainda me acolhem,
que tuas mãos ainda me reconhecem.
O calor do meu corpo se esvai a cada nova gota de desencanto.

Por que não conseguimos mais conversar?
Por que tuas respostas deixaram de chegar?
O que continuo a esperar?

É tolice sonhar com o que não virá!
É triste passar as noites em vão!

Me perco na fuga e te entrego a negação.
Por que nego?
Pra quem nego?
Será que nego?

Não enxergar a linha tênue entre o desejo do que sou e a ilusão do que és me torna comum
E esse misto de realidade e fantasia me confunde.

terça-feira, 5 de julho de 2011 5 comentários

Infortúnio



Me atirei num mar de unguentos
Me livrei dos meus tormentos
Foi-se embora com o vento
todo o arrependimento.

{Hoje}
Meu sorriso faz-de-conta
conta aquilo que não sou
conta tudo o que passou
CANTA a tua e a minha dor.
sexta-feira, 17 de junho de 2011 6 comentários

A visita


Que sensação estranha
você aparecer assim do nada
com essa cara de barganha
e a felicidade estampada.

Que sensação estranha
refazer o juramento
e se perder nessa façanha
diante do antigo encantamento.

Que sensação estranha
a gente dançando engraçado
não há mar, nem há montanha
sob nós, só o passado.

A sensação estranha?
Era um sonho, que pena!
terça-feira, 5 de abril de 2011 21 comentários

Descaso

Me livrei dos nós atados
desse amor mal curado
desse mau-humor danado
desses versos de desilusão.

Entreguei os pontos pro fracasso.
Por descuido ou por descaso
se desfez tanta paixão?!

Esqueça, o velho encanto está desfeito
faça as malas do desejo
e leva embora esse meu peito
que não soube sonhar sem sentir dor.

Se pisei na bola me perdoa,
mas embora ainda me doa
dessa tua vida à toa
já não quero mais gozar.

Guarda teus delírios e teus fatos
teu sorriso, teu gingado,
para quem queira gostar.

Leva tua pochete ultrapassada
tua barbicha estrapiada
e essa vida embriagada
que eu cansei de suportar.

Guarda teus delírios e teus fatos
teu sorriso, teu gingado,
para quem queira gostar.
domingo, 27 de março de 2011 14 comentários

Febril

Os lugares antigos senti-os no cheiro da memória.
O passo manso tem o gosto suave que revigora
os atrevimentos dessa minha febre habitual
e o suor frio dos dias banais.

Confundi todas as histórias.
Meus desejos se perderam em confissões
por palavras nunca antes ditas
e as minhas frases feitas perderam o sentido.

Parei de massacrar as cigarras
Meu próprio canto me incomoda e me faz implorar
Não importa se aqui não é Babylon
Minha pele anseia o arrepio de tuas fanfarras.

É que hoje eu queria um abraço
que me pegasse num sopapo
e me sentisse sorrir como quem chora de saudade.

Se voltei foi pra sentir [de novo] o meu porto seguro trepidar
Cansei da sensatez de ser só
Voltei ao meu delírio de poder ser em você mais uma vez.

 
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