quinta-feira, 5 de agosto de 2010 6 comentários

Samba nas entrelinhas

"Pra onde vão desejos?
palavras sem razão?
Pra onde vão palavras?
Versos ao vento vão".
(Zeca Baleiro)



Alguém já se sentiu uma aventura? Não aquelas do tipo psicodélicas que levam a loucura e provocam delírios seguidos de um suor intenso. Falo de brincar de sentir e sentir muito depois de brincar.
É interessante pensar sobre isso por que acredito que ninguém se propõe a algo que o dicionário deveria definir como uma relação fugaz que promove divertimento e prazer momentâneo, porém sem a menor intenção de acontecer.
Quem foi o mais intenso: o que fez firulas e declarações aos sete cantos ou o que, mesmo sem entender porque, se manteve fiel ao que sentia? E quem é capaz de comparar?
Vale mais penar por perder os sentidos ou sentí-los com pena? Pesar, ponderar, delirar? ... Já não importa quantas doses de tequila. O nome escrito no vidro do carro parecia sussurrar algo, mas nada dizia e já deve ter se apagado. A espera por um telefonema - aquela noite - foi vã. As mensagens? Adereços coloridos. A empolgação era empolgada demais e qualquer redundância anda longe de ser exagero.
O grande prazer dos sentidos é uma volúpia (im)perfeita e (in)completa por (in)compreensão das entrelinhas. Mas quem se detém a ler nestas tais entrelinhas?
Entre tantas intenções, ou nenhuma, fica a vaga sensação de haver vivido algo que não sabe como ser lembrado. E tropeçando por entre textos e melodias, resta mais uma pergunta: quem vai cantar nosso samba?
 
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