terça-feira, 13 de setembro de 2011 5 comentários

Contra-senso



Me ergo na cena,
chuto o balde,
mas ainda assim me consumo.

Sinto pena,
sinto vontade,
não me acostumo.

Adormeço
questionando o contra-senso
e todo o arrependimento.

Mas não esqueço
o que não penso,
o que me traz alento.

Não sei se é amor
Na verdade, sei o que não é.
O que seria então?

Não consigo me desprender dos sentimentos, nem me abandonar.
Por isso sobro, sou desperdício
e me alimento dessa imensa dificuldade de me libertar.

Mas quanto disso é real ou fictício?
Não adianta,
fugir é inútil.


sexta-feira, 9 de setembro de 2011 6 comentários

Velhice


Deixa dessa meninice
que o amor é mesmo uma tolice
com traços de esquisitice
e não há maluquice
que cure essa burrice.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011 4 comentários

"Independência ou morte"?

Ontem houve um pronunciamento presidencial antes do Jornal Nacional e por alguns instantes eu deixei de lado o computador para ouvir falar do significado dessa data, da crise mundial e de como o Brasil é o melhor país do mundo, sem modéstia!
E eu resolvi quebrar um pouco o lirismo que tem o blog e um pouco da minha rotina porque me senti na obrigação de me indignar. É que eu ouvia que o povo brasileiro tem motivos de sobra para ter esperança em um futuro melhor e eu não conseguia imaginar o porquê disso, se nem com provas reais a Deputada Jaqueline Roriz foi condenada; se o salário dos Juízes do STF – que já é alto - aumenta 86% enquanto o salário dos professores – que já é baixo – apenas 4%.
Esperança de quê? De que os parlamentares que absolveram uma colega corrupta não sejam corruptos? De que o voto secreto não é um subterfúgio?
Mas não vou culpar os políticos, o sistema e muito menos a sorte, ou a falta dela. A culpa maior é do povo! Isso mesmo, a culpa é NOSSA por nos acomodarmos no “estou bem, obrigado”, no “não é da minha conta ou no “podia ser pior”.
Milhões de pessoas se reúnem todos os anos na parada do orgulho gay, na marcha Cristã e agora na mais recente marcha, a da maconha, mas no país de mais de 190 milhões de habitantes, apenas 10 mil resolveram sair às ruas contra a corrupção.
O que é mesmo que se comemora hoje? Alguém me responda, por favor, independência de quê? Se nós continuamos reféns dos impostos, dos altos juros, da criminalidade, do analfabetismo, da miséria e principalmente dos nossos "ilustríssimos" governantes corruptos.
Somos reféns do comodismo de quem vende voto e de quem só se preocupa com o seu umbigo e a sua própria conta bancária!

7 de Setembro! "Feliz" dia da Hipocrisia Nacional!
segunda-feira, 5 de setembro de 2011 6 comentários

Último diário de bordo

Aos melhores companheiros do mundo

Sempre esperamos pelo momento em que algo vai acontecer e, de forma arrebatadora, vai nos projetar para o inesperado e subverter os nossos sentidos. É impossível prever quando vai acontecer. Ninguém sabe do inesperado, mas todo mundo sabe acontecer.

Quem iria imaginar que conheceríamos um exímio executor da dança maori; que galinhas cantam música sertaneja; que o bebê chorão só vai acalmar quando colocar a língua no cotovelo; que era tão importante conseguir falar o quatro na conta do 21 e que se grita desesperadamente quando se está em Marte?

Quando tudo foi uma questão de comprar o risco, nós vimos quem saiu do mundo de princesinha direto para o do lobo mal; quem dançava o mais vibrante possível pentelhando as coitadas das “estátuas”; quem sabia mais nomes que o funcionário do cartório de registro civil e até quem era especialista em xingamentos.

Às vezes atropelamos os jogos, às vezes nem queríamos jogar, mas foi soltando uma carta de cada vez que descobrimos que o street dance é bem mais brasileirinho do que se pensa; que a macaca dá uma coçadinha durante a dança do acasalamento; que tem gente que adorou ter uma bebida como sobrenome e que a volta pra casa sempre pode ser mais divertida.

Era impossível não ver que o único homem no planeta que tem TPM fala pra dentro; que tem gente que acredita que tem muitas caras; que -entre as monitoras- os gritinhos da "lôra" são únicos; a bronca da morena é dura e a pequena faz de tudo pra ver todo mundo bem.

No fim, quem se sentia insensível se desmanchou em lágrimas, quem chorava por tudo engasgou e não conseguiu falar e eu me senti ainda mais singular ao ver a “autista” que não gosta de fotos, nem de aniversários, me entregar seu riso e suas lágrimas.


Como não perceber tanta mudança? Como não mudar junto? Transbordávamos de tanta ansiedade pela intervenção e pelo primeiro contato com o olhar alheio, que nem nos demos conta que a verdadeira intervenção já havia acontecido. Não éramos os mesmos de antes, não depois de cada toque, de cada olhar.

Aos poucos, o nervosismo foi tomando corpo em mim e ninguém pode imaginar como eu quis morrer quando percebi que havia chegado a grande hora e estava sem o meu nariz. Logo o nariz? Voltei à estaca zero, ao antigo pavor do picadeiro. E uma tempestade de insegurança se apossou de mim por alguns instantes até eu encontrar o olhar penetrante do meu gordo preferido bem alí - extremamente disponível - até eu ouvi-lo dizer “eu nunca emprestei a ninguém” enquanto me entregava um pedacinho do seu coração.

Conduzidos pela Gentileza, aprendemos que “máscara não se coloca, se veste” e a vida fez questão de vestir as nossas. Admirando ainda mais a responsabilidade do nariz que usava, lancei meu olhar mais disposto e recebi os melhores sorrisos. Compartilhei de toda palavra e de cada silêncio. E alguém - se quiser- tente descrever o que eu senti naquela manhã porque eu – sinceramente - não consegui.

E o que eu poderia dizer ao meu companheiro da calça "troncha"? Ele que me viu desabar na ladeira e não tentou me levantar, nem me consolar. Não sei como agradecer. Foi indefinível ver ele se atirar ao chão e não me deixar morrer de vergonha sozinha... ele nem sabe, mas - ali ao meu lado - transformou o pior momento no mais peculiar, e eu fui uma perdedora feliz.

Depois que tudo acabou, ainda embebida de tanta energia, de tanto sentimento, foi impossível não lembrar das nossas evoluções e de como foi saboroso caminho. As inúmeras imagens que passavam pela minha cabeça poderiam até ter um tom de nostalgia, mas elas tinham o gosto dos lugares especiais da memória.

No meu corpo escoriado e marcado por todos aqueles pequenos gestos, ficou a imensa felicidade de ter me entregado a liberdade de errar e de ser ridícula, a liberdade de ser eu.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011 4 comentários

...



E quando essa vontade súbita de chorar passar,
quero poder acreditar
que de tanto molhar, secou
mas enfim estancou.
 
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