"Pra onde vão desejos?
palavras sem razão?
Pra onde vão palavras?
Versos ao vento vão".
(Zeca Baleiro)

Alguém já se sentiu uma aventura? Não aquelas do tipo psicodélicas que levam a loucura e provocam delírios seguidos de um suor intenso. Falo de brincar de sentir e sentir muito depois de brincar.
É interessante pensar sobre isso por que acredito que ninguém se propõe a algo que o dicionário deveria definir como uma relação fugaz que promove divertimento e prazer momentâneo, porém sem a menor intenção de acontecer.
Quem foi o mais intenso: o que fez firulas e declarações aos sete cantos ou o que, mesmo sem entender porque, se manteve fiel ao que sentia? E quem é capaz de comparar?
Vale mais penar por perder os sentidos ou sentí-los com pena? Pesar, ponderar, delirar? ... Já não importa quantas doses de tequila. O nome escrito no vidro do carro parecia sussurrar algo, mas nada dizia e já deve ter se apagado. A espera por um telefonema - aquela noite - foi vã. As mensagens? Adereços coloridos. A empolgação era empolgada demais e qualquer redundância anda longe de ser exagero.
O grande prazer dos sentidos é uma volúpia (im)perfeita e (in)completa por (in)compreensão das entrelinhas. Mas quem se detém a ler nestas tais entrelinhas?
Entre tantas intenções, ou nenhuma, fica a vaga sensação de haver vivido algo que não sabe como ser lembrado. E tropeçando por entre textos e melodias, resta mais uma pergunta: quem vai cantar nosso samba?